Responsabilidade social da empresa não pode ser oportunista

Responsabilidade social da empresa não pode ser oportunista

Estamos assistindo a uma mudança significativa no setor corporativo em relação ao relacionamento das empresas com o seu público. Este está cada vez mais consciente dos graves problemas sociais, ambientais e éticos que afligem a nossa sociedade.

A partir do final do século passado, esses problemas passaram a ser debatidos pelo setor produtivo e de prestação de serviços.

A conscientização da sociedade, faz com que esta exerça pressões sobre, agentes econômicos, governos, partidos políticos e sobretudo empresas industriais, extrativas e financeiras. Afinal a produção de bens e serviços e seu desenfreado consumo são também responsáveis pelo exaurimento dos insumos naturais, pelos altos índices de poluição só para mencionar alguns.

É óbvio que perante este cenário e pressões recebidas, as empresas comecem a se mover no sentido de poder diminuir ameaças que, ao final de contas, pairam sobre elas mesmas. Isso impacta a cultura empresarial que vai adquirindo novos contornos.

Se até a década de 1980 a responsabilidade social das empresas era gerar lucros aos detentores do capital, fossem eles donos de empresas ou acionistas de grandes corporações, hoje em dia a cultura dessas mesmas organizações precisa mudar sob pena de perder mercados.

Não é mais uma questão de produzir um bom produto que traz resultados aos acionistas e sim produzir um bom produto com o menor impacto possível, trazendo lucro para a empresa e todos os stakeholders.

Gestores e Conselhos inevitavelmente precisam pautar esses assuntos em suas discussões e medidas práticas necessitam ser tomadas. Em outras palavras, a revisão de seus valores precisa ser incorporada , divulgada internamente e apresentada ao seu público de consumidores e à sociedade como um todo.

O reflexo deste alinhamento é a grande aderência ao movimento ESG pelas empresas na esfera do mundo dos negócios.

O público e, sobretudo os mais jovens, querem saber o posicionamento das marcas e as causas que defendem. Não cabe mais às empresas falarem apenas de seus produtos mas de outros temas como sustentabilidade, educação, senso de comunidade, etc. O cliente quer saber qual o compromisso da marca com as causas defendidas pela empresa.

As marcas vêm comunicando e alinhando muito mais seus negócios com suas causas. Ações oportunistas têm efeito ” boomerang”, no que tange à deterioração da marca, seus produtos e imagem empresarial.

O tema alinhamento da marca com propósitos, de dentro para fora, passa a ser algo prioritário nas reuniões de Conselho, devendo fazer parte da boa governança corporativa.

*Thomas Lanz é fundador da Thomas Lanz Consultores Associados, empresa especializada em governança corporativa, gestão de empresas médias e grandes no Brasil.

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